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Teorias da domesticação canina

Ao contrário que muita gente pensa, ainda não se sabe exatamente como ocorreu a domesticação do cão. Há teoria que aponta que o cão doméstico pode ter ocorrido antes do processo de domesticação do lobo – esta defende que o cão se separou do lobo há 135 mil anos e que foram encontrados restos de canídeos com morfologia próxima à do lobo cinzento, misturados com ossadas humanas em posições que sugerem afetividade1,2. Com essa teoria, o homem deixaria a posição de “criador” do cão3.

Outras teorias, cujas cronologias são mais recentes, sugerem que a domesticação em si só se iniciou há cerca de 30 mil anos ou que os primeiros trabalhos caninos e o início de uma acentuada evolução dos cães ocorreram entre 15 mil e 12 mil anos. Além destas teorias, há aquelas que afirmam que 20% das raças atuais só evoluíram entre 10 mil e 8 mil anos atrás, no Oriente Médio3,4.

Além das imprecisões do período, a origem do cão também é assunto discordante. Especula-se que os cães sejam descendentes de outra variação canídea. Porém, está cada vez mais certo que o cão doméstico se originou do lobo cinzento (Canis lupus) ou de um ancestral comum muito próximo a ele2,3. As afirmações mais antigas levantavam hipóteses do cão ter sido originado a partir de coiotes, chacais ou outros lobos. Mas essas ideias foram abandonadas depois de analisado o DNA de cada espécie e de se ter constatado que o lobo cinzento e o cão possuem DNA quase idênticos2.

A proximidade com o homem

 

A história do “lobo domesticado” é diferente dos outros animais domesticados pelo homem porque, na verdade, nós não os escolhemos, ele que escolheu a domesticação humana5.

O lobo, logo percebeu que os assentamentos humanos eram um habitat próspero – catavam o lixo, se alimentavam dos roedores e ficavam protegidos dos predadores maiores, pois o homem se encarregava de matá-los1,5.

Já naquela época, o homem por sua vez, se sentia atraído pelos filhotinhos de lobos tanto quanto hoje. Beneficiava-se dessa convivência, pois o lobo com seu olfato apurado e excelente audição, alertavam para a presença de outros animais selvagens, como os grandes felinos.

Alguns filhotes foram capturados e levados para os acampamentos na tentativa de serem utilizados, aqueles que atingiam a fase adulta e se mostravam ferozes, não aceitando a presença humana, eram descartados ou até serviam de alimento ao homem. Os mais sociáveis sobreviviam até a vida adulta e até procriavam5.

Deste modo, ao longo do tempo, foram-se selecionando os animais dóceis, tolerantes e mais obedientes. Estes eram de grande utilidade, auxiliando na caça e na guarda5.

Mas, qual é a diferenças entre lobo e cão?

 

Muitos estudos embasam suas teorias na influência humana quanto à seleção das características comportamentais do cão atual e discorrem sobre diferenças e semelhanças entre lobo e cão. De fato, as semelhanças entre os dois são inúmeras. A comunicação corporal, feita com sinais de submissão e dominância; o comportamento de ataque e a inteligência para resolver problemas complexos2.

Controlando os cruzamentos, o homem acabou selecionando características e especializou os cães em diversas funções, mas não acrescentou comportamentos inexistentes nos lobos2.

Depois de muitos anos, diferenças morfológicas e comportamentais foram fixadas, sempre refinando aptidões já presentes nos lobos, por exemplo: cães de guarda – resultante do instinto guardião e a coragem do lobo, pastoreio – presente no instinto de cercar a presa antes de capturá-la, e assim por diante.

O homem, conscientemente ou inconscientemente, selecionou características e aptidões justamente para facilitar a comunicação entre as duas espécies. Segundo o autor, experimentos recentes feitos com cães e lobos socializados demonstraram que os cães prestam mais atenção no rosto humano e têm mais facilidade do que o lobo para compreender gestos de apontar feitos por pessoas2.

Outra diferença curiosa entre cães e lobos criados nas mesmas condições é que, ao contrário dos lobos, os cães a partir de certa idade, podem preferir imitar alguns comportamentos humanos em vez dos da sua própria espécie2.

A capacidade de ser treinado, aprender comandos de sentar e deitar, por exemplo, são mais facilmente ensinadas a um cão que a um lobo. Tal capacidade relaciona-se ao cérebro canino adulto: ele se mantém “novo” semelhante ao cérebro do filhote de lobo por toda a vida2.

O cérebro novo possui uma plasticidade maior para lidar com ambientes diferentes e para aprender coisas novas. Assim, cães se saem bem com convivência com os humanos enquanto lobos enfrentam melhor os problemas no habitat selvagem2.

Post anterior: De onde viemos e para onde vamos?

FONTES

1. HIRST, K. Kris. Dog History – How were Dogs Domesticated? Archaeology. Disponível em: http://archaeology.about.com/od/domestications/qt/dogs.htm

2. ROSSI, Alexandre. Do lobo ao cão doméstico. Revista Cães & Cia, edição 318, novembro 2005

3. JOHNS, Catherine. Dogs: history, myth, art, Ed. The British Museus Press, p. 9-21, 2008.

4. TEIXEIRA, Eduardo de Souza. Criação de cães, São Paulo: Nobel, 2001.

5. FOGLE, Bruce. Guia Ilustrado Zahar: cães. [trad.] Bianca Bold. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

Andréia Camargo

Criadora de west desde 2006.

Comportamentalista, Groommer e Designer.

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