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O que é a Dermatite atópica canina?

A dermatite atópica canina ou DAC é uma das doenças mais frequentemente diagnosticada em cães. Em um estudo feito em Lisboa1, com 170 animais, a DAC se apresentou em 25% dos casos. A prevalência da DAC tem sido estimada em 10% da população canina e representa a segunda causa mais comum de prurido2,3, seguida pela DAPP 4.

É uma doença determinada pela genética, inflamatória e prurítica, onde os cães se tornam sensíveis a todos os tipos de alérgenos ambientais: ácaros de poeira doméstica, esporos de fungos, pólen de vegetais, poeira doméstica, escamas de animais e caspas humanas, além de restos de insetos 5,6,7.

Alguns alérgenos são sazonais, ou seja, ocorrem em ciclos, como no caso do pólen, e neste caso os animais apresentarão a doença na época da virada da estação. Quando estes apresentam os sintomas constantemente, pode se suspeitar de alergia a ácaros da poeira doméstica e ao pó doméstico 11.

Na reação de hipersensibilidade atópica, vários tipos de alérgenos parecem ser capazes de ativar anticorpos específicos do tipo IgE (este anticorpo que caracteriza a DAC e a herança genética). Este tipo de reação induz células especializadas do organismo, que por sua vez liberam as substâncias que são responsáveis pela cor avermelhada da pele (rubor), pelo calor, pela coceira (prurido) e pelo edema (inchaço) 6,7,8,9. Esse tipo de alergia geralmente ocorre pelo segundo contato com o alérgeno, semelhante à história do guardinha que foi contada aqui.

Quais os sintomas da Dermatite Atópica Canina?

O principal sintoma da DAC é o prurido (coceira) que se manifesta com o animal se esfregando em paredes e móveis, se coçando constantemente e lambendo-se. Tipicamente há prurido no focinho, orelhas, extremidades e/ou ventre podendo qualquer uma destas áreas ou uma combinação delas. Há um consenso de que muitos cães não apresentarão lesões primárias visíveis mesmo em zonas pruríticas, e que, quando há lesões iniciais, estas são um  eritema 10.

As ações traumáticas feita pelos cães (coceira e fricção constante) provocam arranhões e estes podem ser infectados por parasitas, formando a dermatite inespecífica, ou seja, uma dermatite de vários parasitas presentes. Podem ocorrer além dos sintomas comuns da alergia, as crostas com falta de pêlos (alopécia) e com caspa (seborréia) e/ou piodermatite (presença de pus). Estas são infecções secundárias – isso quer dizer que ocorrem depois da alergia ter se instalado na pele 8. Das infecções secundárias, 86% são bacterianas 1. Esses parasitas mais comuns são Staphylococcus intermedius ou Malassezia pachydermatis. Este último gera um típico odor rançoso 11.

Essas lesões secundárias apresentam prurido crônico, trauma devido à coceira, inflamação crônica e infecções secundárias concomitantes. Há manchas acrais vermelho-acastanhadas na pelagem, escoriações, alopécia auto-induzida, pêlo seco, hiperpigmentação, crostas e liquenificação 10,12.

A infecção estafilocócica se apresenta como pápulas eritematosas que podem evoluir para pústulas e pequenas crostas ou áreas circulares de alopécia com uma borda descamativa (colarinhos epidérmicos) 11.

Qual o local das lesões da Dermatite Atópica Canina?

Estas lesões aparecem nos locais do prurido e nas áreas de alcance: focinho (espelho nasal, área periocular), orelhas, zona dorsal dos dígitos e faces palmares/plantares, face palmar dos carpos e plantar dos tarsos, zonas flexoras dos membros, axilas, abdômen, virilhas e face medial dos membros posteriores 8.

 Também são comuns a otite externa e sinais de infecções secundárias bacterianas (68%1) e/ou por leveduras 11. Os sinais respiratórios têm sido pouco comuns na DAC 10,11, porém, pode haver crises de espirros, lacrimejamento com base numa conjuntivite alérgica. A hiperidrose ocorre em 10% a 20 % dos cães atópicos. A asma é uma manifestação rara da doença 8.
É muito comum que estes animais apresentem otite externa eritematosa crônica, onde a pele interna do ouvido fica vermelha e inchada. Mas cuidado, esse sintoma também é comum na hipersensibilidade alimentar, sendo assim, precisa haver o diagnóstico diferencial. O ouvido nessa condição apresenta um das secreções que atuam como meio de cultura para bactérias e fungos, causando uma otite externa 11.

Quais as formas de distinção da Dermatite Atópica Canina?

Muitos estudos mostram que algumas raças são mais atópicas que outras, e que a alergia muda ao logo do tempo de vida do cão. Os campeões da atopia são: Beauceron, Boston Terrier, Cairn Terrier, Scottish Terrier, Sealyham Terrier, Wire Haired Fox Terrier, Yorkshire Terrier, Cocker Spaniel, Dálmata, Pastor Alemão, Golden Retriever, Labrit, Schnauzer miniatura, Pug, Bull Terrier, Jack Russell Terrier, Fox Terrier, Shar Pei, Labrador Retriever, Boxer, Bulldog Inglês, Lhasa Apso, Shih Tsu, West Highland White Terrier, Setter Inglês e Setter Irlandês8,10,12.

Porém esta predisposição muda conforma a região ou país, sugerindo influência da linhagem genética, predileção de raças de acordo com o local estudado, do estilo de vida dos donos, do nível econômico e até das “modas” da raça1, a exemplo da Europa onde o Bulldog Francês e o Cavalier King Charles aparecem como raças predispostas4.

No estudo português, com uma amostra de 55 cães, houve mais casos de DAC nos Cockers Spaniels (15%), Labrador Retriever (5%), Terra Nova (5%) e Westies (4%), porém os percentuais referem-se ao número de cães da amostra.

Um estudo recente feito na Suíça comparou a amostra de cães atópicos com a população canina de todo o país, e assim se determinou que as raças predispostas ao desenvolvimento de dermatite atópica sensu stricto são o West Highland White Terrier Sad smile, Boxer, Bull Terrier, Bulldog Francês, Vizsla e o Basset13.

Westies atópicos devem ser afastados do programa reprodutivo! Consulte seu criador! Um criador idôneo nunca cruzaria um cão atópico. O seu filhote pode ser o primeiro caso na linhagem, assim, informe seu criador.  Todo criador idôneo deve ser extremamente honesto com  a saúde de sua linhagem! Winking smile

FONTES:

  1. VIEIRA, Diana Branco. Infecção Cutânea no Doente Atópico Canino. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Medicina Veterinária, Dissertação de Mestrado, 116 p., 2008.
  2. HILLIER, A. & GRIFFIN, C. E. The ACVD task force on canine atopic dermatitis:incidence and prevalence (I). Veterinary immunology and immunopathology, no. 81, p. 147-151, 2001.
  3. SCOTT, D. W., MILLER, W. H. & GRIFFIN, C. E. Skin immune system and allergic skin diseases. In: SCOTT, D. W.; MILLER, W. H. & GRIFFIN, C. E. (Eds.). Muller and Kirk’s Small Animal Dermatology, Philadelphia: W.B. Saunders, 6th ed., p. 574-601, 2001.
  4. PRÉLAUD, P. Dermatite atopique canine. EMC-Vétérinaire, vol. 2, p. 4–29, 2005.
  5. LUCAS,L.;CANTAGALHO, K.;BEVIANI,D. Diagnóstico Diferencial das Principais Dermatopatias Alérgicas Parte II – Atopia: Diagnóstico e Estratégias Terapêuticas. Nosso Clinico, n 56, 2007, p.06-14, mar-abr. 2007.
  6. OLIVRY, T., DEBOER, D. J., GRIFFIN, C. E., HALLIWELL, R. E. W., HILLIER, A., MARSELLA, R. & SOUSA, C. A. The ACVD task force on canine atopic dermatitis: forewords and lexicon. Veterinary immunology and immunopathology, n. 81, p. 143–146, 2001.
  7. HALLIWELL, R. Revised nomenclature for veterinary allergy. Veterinary Immunology and Immunopathology, n. 114, p. 207–208, 2006.
  8. WILLEMSE, T. Dermatologia Clinica de Cães e Gatos. Barueri: Manole, 2 ed., p.44-47,1998.
  9. BIRCHARD, S.J. & SHERDING, R.G. Manual Saunders Clinica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 2a Ed., p.372-380, 2003.
  10. GRIFFIN, C. E. & DEBOER, D. J. The ACVD task force on canine atopic dermatitis (XIV): clinical manifestations of canine atopic dermatitis. Veterinary immunology and immunopathology, n. 81, p. 255-269, 2001.
  11. HARVEY,R.G. & MCKEEVER,P.J. Manual Colorido de Dermatologia do Cão e do Gato Diagnóstico e Tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 1 ed., p.20-24, 2004.
  12. MUELLER, R. S. & JACKSON, H. Atopy and adverse food reaction. In A. Foster & C. Foil (Eds.), BSAVA manual of small animal dermatology, Gloucester, UK: British small animal veterinary association, 2nd ed., p. 125-136, 2003.
  13. PICCO, F., ZINI, E., NETT, C., NAEGELI, C., BIGLER, B., RÜFENACHT, S., ROOSJE, P., GUTZWILLER, M. E. R., WILHELM, S., PFISTER, J., MENG, E. & FAVROT, C. A prospective study on canine atopic dermatitis and food-induced allergic dermatitis in Switzerland. Veterinary Dermatology, n0 19, vol. 3, p. 150-155, 2008.
  14. NÓBREGA, Diana Rafaela Ferreira. Abordagem proactiva à terapêutica da dermatite atópica canina. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Medicina Veterinária, Dissertação de Mestrado, 97 p., 2010.

 

Andréia Camargo

Criadora de west desde 2006.

Comportamentalista, Groommer e Designer.

24 respostas

  1. Qual o tratamento para isso?
    O veterinario do meu cachorro fica já mandou passar cetoconazol, não funcionou. Gasto fortunas em shampoos para ceborreia seca e afins. E o bichinho está sempre se coçando/lambendo.
    Obrigada.

      1. Minha whest, está com 10 anos, desde janeiro desse ano, vem apresentando umas feridas que aparecem como fosse uma picada de inseto(vermelho), depois aparece um bolha de pus, e em seguida essa bolha estoura e forma uma casca que se alastra por 1cm mais ou menos, se eu limpar e usar o cetoconazol ela seca, já tomou por 2 x antibiótico, tomou uma injeção de cortizol, e está tomando novamente antibiótico (agora o cloridrato de Ciprofloxacino)… têm algum tratamento específico?

        1. Olá Lúcia, acho que você deveria consultar um veterinário dermatologista e fazer um exame (um raspado da pele) para descartar sarna demodécica ou DAPP. Esses dois casos não são tratados com antibióticos. As vezes a gente usa um medicamento que só máscara o problema, mas não resolve de verdade. Só um especialista poderá te ajudar. Boa sorte.

    1. Julia, a coceira só será amenizada com uso de antihistaminicos e corticoides. Mas olha com o veterinario a dosagem e o tempo do uso porque se usar de maneira errada vai ferrar o sistema endócrino dele. abraços

      1. O meu vet dispensou os corticóides que eatavam fazendo muito mal, passei a dar Apoquel. Um pouco caro mas tem sido eficaz desde o segundo dia de uso.

    2. A primeira coisa a fazer e procurar um veterinario DERMATOLOGISTA. A minha Meg comecou essa dermatite com 5 anos e durou ate aos 14 anos. Lembre se que nao tem cura mas podemos ‘SUAVIZAR’ a doenca com varias medicacoes e racao hypoalergenica.

      1. No caso o médico veterinário precisa diagnosticar a alergia né? Temos um texto falando sobre os dermatos e indicando inclusive o site para que as pessoas busquem um profissional próximo à sua casa.

    1. boa tarde. Nesses casos o Apoquel resolveu o problema do meu cachorro, o problema e que a medicação custa uma fortuna e nao pude dar continuidade aos tratamento.

  2. Boa tarde a todos. Eu tenho um Westie com quase 10 anos e tem tido problemas com bastante comichão e chega por vezes a arrancar o pelo. Tenho tentado tratamentos que os veterinários recomendam mas volta a aparecer o problema. Li na Net que o Óleo de Copaíba tem dado belíssimos resultados em humanos , chegando a curar diversos problemas como cicatrização , dores de pele , estomago e outros de pele, assim como calmante e recomendado para os hipertensos . É retirado da Copaíba , uma árvore enorme que existe na Amazónia e é bastante vulgar no norte do Brasil. Pergunto … Alguém tem experiencia da aplicação deste óleo no tratamento dos cães ??? Agradeço a vossa resposta. Obrigado e um abraço.

    1. Utilizamos sim. Aqui fazemos tudo de naturebisses… homeopatia, pouca vacina, propolis como excelente cicatrizador. Só precisa se certificar se a origem é confiável tá? No mais, tudo que falarem sobre os poderes dos produtos da amazônia é verdade verdadeira 🙂

  3. Minha cadela westie terrier sofre com dermatite atópica (acho) A mar dela também tinha. Já tomou todo corticoide que podia. E não melhorou. Não sei mais o que fazer. E tudo é muito caro. O que eu poderia fazer? Omega três me falaram que é bom.Estou desesperada.. Me ajudem

    1. Leva ela num vet dermatologista e pede exames. Verifica tb alergia à alimentos e faz a dieta de dessensibilização, ela pode ser alergica à alimentos. Temos uma página de consulta… você pode marcar uma horinha pra conversar! Abraço e boa sorte!

  4. Ola tenho um Westie com 11 anos e sofre de dermatite , ja tentei por varias vezes tratar , mais tudo e muito caro e não resolve
    O que posso estar usando pra amenizar a coceira dele

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